Wednesday, November 21, 2007

O meu divórcio político!

Há uns anos, era eu uma jovem inconsciente, e resolvi filiar-me num partido político. Acreditava piamente em política e acreditava que quem lá estava queria mesmo defender os interesses nacionais. Só que claro, durante essa minha “carreira” apanhei alguns choques, de tal forma que levaram ao meu divórcio político e total descrédito nos políticos.

O primeiro choque ocorreu logo no primeiro contacto com um candidato a deputado (que mais tarde até chegou a presidente do partido). No primeiro contacto, vou eu lançada a falar com sua excelência… “Estou muito contente por finalmente ter aceite candidatar-se a deputado, embora ache que o seu lugar deveria ser mesmo na presidência do partido”. Riu-se um pouco e até me afirmou “Ainda é muito cedo!”. Ainda discuti alguns aspectos que achava importantes, até que ouço “Este ano vamos subir muito!”. Fiquei um pouco boquiaberta, porque claro pensei cá com os meus botões, “então este caramelo defende isto, aquilo e aqueloutro apenas para subir muito?”. E a coisa passou.

Passei um Verão inteiro de comício em comício, a abanar bandeirinhas e gritar como se estivesse em pleno estádio de futebol a apoiar a selecção nacional.

Mais tarde, estava eu já na dita “Jota” quando ocorreu o meu segundo (e último) choque. Resolvi ir a um “congresso nacional” para a eleição de um novo presidente para a dita “Jota”. Aquilo era um bocado estúpido, porque primeiro votava-se numa tal “moção de estratégia” e de seguida na “presidência”. O que desde já era perfeitamente ridículo porque quem “ganhasse” a “moção de estratégia”, deveria obrigatoriamente ganhar a presidência, mas enfim… Haviam 3 candidatos, e claro, seriam as listas A, B e C. Mas antes de continuar, convém salientar que ainda houve uma espécie de discursos pré-votação, onde iam lá os apoiantes e amigos defender a sua “bandeira”. Eu na altura, ingénua, acreditava que defendiam tal lista por esta apresentar medidas benéficas para o país. Confesso até que eu própria tinha redigido uma espécie de discurso, o qual desisti de apresentar a partir do momento em que ouço certos “discursantes” a dizerem que apoiavam sicrano porque eram amigos há muitos anos, andaram na escola e nos escuteiros juntos… Voltando à votação da dita moção de estratégia, esta foi feita de mão no ar e lá ganhou a lista B. Entretanto, a lista C desiste, e ficam assim a A e a B (lógico!). Ora, como a lista A “pertencia” à anterior direcção, supostamente para eles era conveniente ganhar. Então como fazer a coisa? ‘Bora lá trocar. E foi o que aconteceu. A lista A passou a ser a lista B, e a lista B passou a ser a A. A eleição para a presidência passou a ser de voto secreto. Era engraçado ver alguns dos candidatos na dita fila a “pedirem” para votar neles, e que assim até ficavam com um lugar qualquer para uma treta qualquer que nem eu própria tinha percebido bem. Claro que lá ganhou a tal lista B (antiga lista A). Depois desse congresso, pus-me a pensar: aquilo é um partido pequeno, é só meia dúzia de “miúdos”, agora como será num partido grande, com lobbies e dinheiro à mistura?

A partir daí "divorciei-me" da política. E claro, quer queira quer não, deu-me para questionar se existe mesmo democracia ou isto não passa tudo de fachadas e compadrios.

Tuesday, November 20, 2007

"Sonhar é preciso"

De tão pálidas mãos saia o calor humano característico dela, no jardim colhia rosas amarelas como quem apanha um pássaro ferido, o perfume que lentamente se espalhava no ar….depressa se impregnava nas suas roupas levando-o consigo para dentro de casa, e o aroma da primavera invadia todos os recantos, na realidade com ela entrava o sol, que raramente ele conseguia distinguir por entre as nuvens negras que lhe povoavam a cabeça.

Ele continuava absorto no mofo do dia a dia, sem achar nada que o acordasse da sua dormência,
Abria e fechava os olhos numa tentativa vã de distinguir se estava acordado ou continuava a sonhar….
E numa dessas tentativas apanhou com o leve roçar do cachecol de lã da companheira,
- Até que enfim que acordaste!!!, dizia ela
- Estava a dormir? Retorquiu..
- Estiveste sim, dormias de olhos abertos, deixa o trabalho e vem comer
- É melhor. Qualquer das maneiras não consigo pensar…
- Não consegues pensar porque hoje é Domingo, deixa o trabalho cheira o perfume das rosas que te trouxe…
E ele cheirou-as, largou tudo e chegou à conclusão que nem sempre a persistência é o melhor aliado do criador, que ás vezes é necessário fechar os olhos à realidade para ver que podemos sonhar.

O fragil equilibrio de se ser Portugues

Não sei se se lembram do Concurso que a RTP 1 fez a algum tempo atrás querendo renascer o velho orgulho de se ser portugues, penso eu, que era essa a intenção!!!. Mas adiante, contra tudo e todos e para grande espanto, Salazar foi votado pelo público ultrapassando nomes de peso na nossa História como D. Afonso Henriques, Vasco da Gama, Infante D. Henrique, Marques de Pombal ou D. João II. E o que dizer de nomes culturalmente tão marcantes como Camões ou Fernando Pessoa.?! Pois! Isto para não entrar em mais discussões sobre os que ficaram para trás e em como nenhuma mulher constava da lista final, e bla bla bla.

Então contando o passado, o nosso “heroi”, António Salazar, controlou os destinos da nossa nação durante muitos muitos anos, encheu os cofres do estado (das remessas de ouro proveniente de milhares de inocentes mortos e encarcerados pelos nazis), evitou o nosso envolvimento na Segunda Grande Guerra é verdade, (mas pelo país reinava a fome e a precariedade, os alimentos básicos como pão eram racionados e a maior parte da população vivia em extrema pobreza), ofereceu estabilidade (enquanto “formava” a população a não pensar, a não ter opiniões e a viver com o peso da censura e da ditadura). Um déspota cruel para alguns e um salvador da nação para muitos.
Digo para muitos porque, felizmente (ou neste caso, infelizmente) não preciso de uma votação num programa para me informar sobre o que vejo à minha volta. Não pode ser, com certeza, por inconformismo ou descontentamento com o governo actual ou com o desgoverno e descontrole governamental desde o 25 de Abril.
Como forma de protesto, por falta de informação ou simples convicção a verdade é que muita gente apoia Salazar ou então é por estrem desertos para voltar aos “velhos tempos” e em vez de irem para a fila do Mini-preço com “tickets” desconto, irem para a mesma fila com senhas de ração que nem para dar pequeno almoço a uma criança de 1 ano chegava.
No tempo do Salazar é que era bom! Mas o que eu gostava de perceber era o quê?
Por mais programas “elucidativos”, por mais livros que leia, por mais que eu saiba sobre Salazar e a sua política totalitarista e o seu regime ditatorial, as palavras que me vêem à cabeça quando penso nisso são: polícia política (PIDE), censura, vidas “poupadas” na Segunda Guerra Mundial que serviram uma Guerra Colonial, analfabetismo e extremas dificuldades de sobrevivência para a maioria da população.
Mas, claro, eu sou só uma pessoa, uma cidadã nesta vasta sociedade de gente pensante. Que importância pode ter a opinião de uma rapariga como eu? Tivesse votado e gasto 60 cêntimos! Agora não me vale de nada queixar-me!
Do que eu me queixo, não é de Salazar ter vencido este pseudo concurso patrocinado pelo contribuinte, uma vez que vivemos num Estado democrático onde cada um deveria ter o direito de expressar a sua opinião (se ainda nos resta esse direito! Tem dias que sou sobressaltada por duvidas).
Pessoas como Álvaro Cunhal, o segundo melhor classificado, lutaram para que hoje tivéssemos liberdade para falar e discutir, aprender e compartilhar experiências e saberes. E houve neste país quem tenha posto em risco a própria vida para ajudar a salvar centenas de pessoas que fugiam da guerra nazi e de uma morte certa num campo de concentração, como foi o caso do Aristides de Sousa Mendes, (pessoa tão “gentil” e nunca vi o nome dele nos livros de história!). Grandes portugueses teremos com certeza vários e seguramente, grande parte, anónimos se calhar é esse o requisito para se ser um Grande português...o anonimato?!.
O que me custa é o negócio camuflado de boas intenções que a RTP organizou para o povinho. Segundo o semanário Expresso, “a RTP arrecadou cerca de 84 mil euros através das chamadas telefónicas dos telespectadores que participaram na votação do concurso «grandes Portugueses» (já minha avo dizia: o inferno está cheio com pessoas de boa vontade).
Note-se bem que tudo não passa, dizem agora, de um mero concurso sem qualquer significado especial sobre a expressão da vontade popular.
Assustados com a popularidade de Salazar? Descrentes no valor real que esta votação tem em termos da real vontade e das linhas de pensamento da nossa sociedade?Incultos, somos todos nós, ainda a viver sobre a sombra do fascismo e de olhos empoeirados pela Igreja e pela censura.
País de ex-analfabetos agarrados à Internet, a depender de subsídios para tudo e carregados de preconceitos e créditos impossíveis de cumprir (vem daí o medo de falar! quem deve não se evidência).
Somos o país da histeria quando joga a Selecção, e por magia, lembramo-nos que somos portugueses e acordamos patriotas e entoamos o hino e penduramos nas nossas janelas a bandeira que compramos nas lojas dos “chinocas” mesmo que ela venha com pagodes em vez de castelos. Somos o país do ordenado mínimo reles mas que, ainda assim, chega bem para pagar aos de leste para nos limpar a merda que não queremos limpar. Somos o país que fala mal do governo mas não sabe quem são os nossos ministros porque nem sequer vai votar. Somos o país da Nova Gente e das Caras e dos Globos de Ouro e das mentiras cor-de-rosa com sabor a morangos com açúcar e das Floribellas que amam as crianças, principalmente se forem pobrezinhas, órfãs e deficientes que fica melhor na fotografia. Somos o país que adora o país irmão e papa todas as novelas e todos os Carnavais e todos os trios eléctricos mas se for preciso dizemos mal dos brasileiros porque não gostam de trabalhar ou porque elas são umas “putas” e nos roubam os maridos. Somos o país que deu novos mundos ao mundo mas que não cria condições para quem cá está e ainda goza com o mau gosto das casas dos emigrantes que andam a lutar por uma vida melhor bem longe daqui. Somos o país que tenta incentivar a natalidade para combater o envelhecimento da população mas que não pode manter abertas as maternidades locais. Somos o país que descobre casos de pedofilia e até hoje ainda não se percebeu bem como é que foi possível o senhor da bota Botilde estar envolvido nesses esquemas, mas, assim como assim, a justiça é lenta e aparentemente o sofrimento de todas as partes envolvidas não é o suficiente para apressar as coisas.Somos o país que promove a reciclagem mas não põe pontos verdes em cada rua e onde se tem que olhar por onde se anda porque ainda não aprendemos a limpar os dejectos dos nossos cães e se for preciso ainda cuspimos por cima.
Somos o país onde um trabalhador a recibos verdes tem que pagar mais impostos e mais segurança social que o resto da população trabalhadora e um desempregado chega a viver melhor que um funcionário público e onde ser velho é sinónimo de incapaz e jovem sinónimo de rasca. Talvez Salazar esteja a ver-nos neste momento e a pensar: “No meu tempo é que era…” Talvez até tenha as suas razões…
Mas uma coisa é certa, neste Portugal dos pequeninos, os grandes portugueses ainda existem. E vivem mesmo ao nosso lado. Na pele dos bons professores que amam o seu ofício, nos bombeiros que apagam incêndios que proliferam a cada Verão que passa, nos artesãos, músicos, artistas e grupos culturais, profissionais e amadores que teimosamente continuam a fazer cultura e a preservar as nossas origens culturais mesmo sem apoios do Estado, nos cientistas e nos investigadores que lutam por um conhecimento que cresce e deve ter acesso a todos, nos médicos e no pessoal médico que trabalha horas extraordinárias e ainda consegue sorrir, em todas as pessoas que se empenham dignamente na sua actividade e se esforçam por tornar os nossos dias melhores. Essas pessoas existem e ninguém pensa nelas como sendo grandes portugueses ou se um dia as suas acções terão algum impacto na nossa História, não vamos mais longe comecemos por olhar mesmo dentro de nossas próprias casas, onde temos exemplos vivos de coragem (nossos pais que esticam o tal pagamento irrisório a que chamam de ordenado até parecer o elastico de uma fisga).
Mas talvez esteja na hora de olharmos para o lado para conseguirmos ver com clareza quem somos e valorizar as nossas capacidades, talentos e vocações.
Talvez aí, conseguiremos, sem qualquer sombra de brumas da memória ou fantasias de nação valente e imortal, contemplar o que foi o nosso passado e o que pode vir a ser o nosso futuro, como país e como cidadãos que somos.

Thursday, November 15, 2007

O orgulho masculino!

Eu gosto de sair à noite. E não há sexta-feira nenhuma que não me aventure pelas ruas da amargura no Bairro Alto. Sim, pelas ruas das imperiais... Há uns tempos atrás, ainda eu a iniciar esta minha vida de copofonia e incognitomania, resolvi fazer uma espécie de Gay Meeting entre dois amigos meus. A noite estava a correr bem, até um deles se cortar. O que deu em... Eu mulher, gaja heterossexual, com 3 gays divertidíssimos... Primeiro ali no Frentu's (acho que é assim que se chama, e se não for paciência), um deles, a bichona maluca, a tentar escandalizar-me. Mas quem é que não se parte a rir com um tipo a dizer que tem a pele tão lisa por levar com elas grandes e grossas na cara? Depois rumando mais acima, até à Rua da Atalaia, em concreto ao Frágil, dou por mim sentada naquela espécie de sofás com a bichona maluca. A doida começa a mostrar-me as fotos do telemóvel. As fotos, todas diferentes, mas todas da mesma coisa, ou seja, pilas (ou pénis, como lhes queiram chamar!). "Como é que consegues tirar essas fotos todas?" perguntei logo eu, "Ai querida, eu sou uma puta de urinol! Digo que sou escultor e eles deixam que tire a foto!" E lá fiquei esclarecida...

LAMB

Esta organização LAMB ainda está bem implantada no nosso país. E perguntam o que é a LAMB. A LAMB é a abreviatura da Liga dos Amigos da Meia Branca. Ora, o que é isto? É simples, imaginem o que é conhecerem um tipo que até é muito interessante, giro e inteligente, coisas raras e díficeis de encontrar... Quando de repente... Sobe um bocado a calcita e lá vem em contraste com todo o resto a meiita branca a sobressair... A conversa até pode ser interessante, até podem estar para ali a falar sobre, sei lá, o Tratado de Lisboa, por exemplo. Mas acontece que os meus olhos ficam absorvidos pela fosforescência causada pela meia branca...

Wednesday, November 14, 2007

O gordo

O gordo é uma personagem caricata. É aquele gajo que não sabe dizer aquela-cena-que-se-põe-no-chão, ou seja, tapete. E, para além disso, pertence àquela economia de mercado bastante bem implantada em território nacional. Aqueles que sofrem uma espécie de complexo de Édipo, para os quais a mulher que algum dia se vão apaixonar será aquela que está feita nossa senhora numa vitrine duma capela. Numa espécie de conselhos à Marcelo Rebelo de Sousa/Ricardo Araújo Pereira seria natural esperar um diálogo do tipo: "E será que não me posso apaixonar?" ; "Poder, podes, mas não deves!"; "Mas é proíbido?"; "Não, não é proibido, mas não deves"; "Não devo?"; "Não deves porque não podes!"; "Não posso?"; "Não podes porque não deves!"

O começo!

Após uma conversa curta e fina resolvemos criar este blog! Aqui vamos abordar ou emborcar qualquer tema, e claro, livre de preferência, porque embora se viva em pleno fascismo democrático, este ainda é democrático! Como estamos um bocado fartas das estórias do costume, que tal ridicularizar um bocado? Sim, contar histórias do género daquele café com o nerd que não abria a boca e só olhava para mim, onde as nossas conversas se transformaram num autêntico monólogo e claro, como monólogos só há os da vagina... E é deste género... Ou pior... Ainda não sabemos!!! O tempo o dirá!